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Estudantes ganham “banho de floresta” na Mata Atlântica


Neste semestre, mais de 300 alunos do ensino fundamental de Juquitiba (SP) puderam se reconectar com a natureza em meio à Mata Atlântica, a apenas 70 km de São Paulo

Uma vivência de conhecimento e conexão com a natureza em meio à exuberante Mata Atlântica. Nesta primavera,  alunos da rede municipal de ensino ganharam um “banho de floresta” – prática também conhecida como florestaterapia – em Juquitiba, uma das cidades com maior cobertura vegetal do Estado de São Paulo, a apenas 70 km da capital. 

Coordenado pelo Instituto Terra Luminous (ITL) em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura, o projeto EcoLab conecta as novas gerações a um dos biomas com maior biodiversidade do planeta, num trecho preservado de Mata Atlântica bem na região central do município.

O projeto começou junto com a primavera, no final de setembro, e levou mais de 300 estudantes do 4º ao 9º ano do ensino fundamental, além de 130 educadores, ao recém-revitalizado Parque Ecológico de Juquitiba, em uma atividade que une florestaterapia e educação ambiental. 

Damaris da Silva Pinto, de 11 anos, diz que vai levar da visita uma lição importante: “Eu amei toda essa natureza, mas para preservá-la é muito importante que as pessoas parem de  jogar lixo na água e também no chão”. 

As visitas foram viabilizadas com o apoio do setor de comércio da cidade de Juquitiba, principalmente do Supermercado Frigoyama, Kazil Gás, Bueno Madeira e Construção, AgroAM, restaurante TomoTomo e restaurante Rosalves.

Serviços ecossistêmicos

O Parque Ecológica se situa às margens do Rio São Lourenço. Ele integra um dos conjuntos de mananciais hídricos mais importantes para o abastecimento de água do Estado. O Sistema São Lourenço, da Sabesp, é a principal fonte de abastecimento para 2,5 milhões de habitantes das regiões sul e sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo. 

“Para ter água boa é preciso preservar a floresta, mas este é apenas um dos inúmeros benefícios que as crianças conseguem perceber ao percorrer uma trilha entre as árvores, aguçando os sentidos e dando atenção a estímulos pouco comuns no seu dia a dia”, explica Glenn Suba, diretor executivo do ITL. 

Mostrar a série de benefícios que a floresta em pé oferece aos seres humanos – os chamados serviços ecossistêmicos – é um dos principais objetivos do projeto. Ele foi iniciado como um piloto no final do ano passado junto aos alunos de uma escola pública vizinha ao ITL e agora estendido a toda a rede municipal de ensino. “Ao visitar a floresta as crianças se encantam e conseguem entender, na prática, a importância de preservar a natureza para garantir coisas tão fundamentais para manter a vida, como o ar puro, a água limpa e um clima mais previsível”, diz Glenn. 

Banho de floresta

Sistematizado no Japão a partir dos anos 80 e adotado como uma forma efetiva de redução do estresse, o banho de floresta oferece um alívio para o excesso de distrações da vida urbana. Isto porque ele situa os participantes em meio à sutil diversidade de estímulos e formas de vida que se apresentam num passeio pela mata. Intercalando momentos de orientação e silêncio, a prática permite uma experiência de “reconexão” com a natureza. Neste momento os participantes descobrem novos significados para a relação com o ambiente que os cerca, com outros seres vivos e também com seus próprios sentimentos e emoções.

Para os educadores, além da florestaterapia e da aula ao ar livre sobre a importância das florestas para sustentar a vida humana, a experiência está sendo um laboratório na sua formação como educadores ambientais. A missão destes profissionais é ajudar a preservar a Mata Atlântica em meio a um dos trechos mais ameaçados deste bioma. 

Um deles é Nika Machado, de 53 anos, professora da rede pública há mais de 30, que todos os anos leva seus alunos para uma visita ao parque. “Educação ambiental não é preparar para o futuro, é para o agora. É urgente para a humanidade entender a relação entre consumo, descarte de lixo e sustentabilidade.”

Visão de futuro

Juquitiba possui 100% de seu território em área de mananciais protegida pela legislação estadual. A região também é considerada uma Reserva da Biosfera da Unesco e é habitat de espécies ameaçadas, como a onça-pintada, a anta e a palmeira-juçara. 

Contudo, embora possua um dos maiores índices de cobertura vegetal de São Paulo, Juquitiba fica abaixo da média estadual em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado. A cidade oferece poucas oportunidades de renda e grande parcela da população em situação de vulnerabilidade. O rápido crescimento urbano, impulsionado pela expansão imobiliária da Grande São Paulo, é uma ameaça às suas áreas verdes, devido ao parcelamento de terras, ocupações irregulares, desmatamento e exploração predatória dos recursos naturais.

Estas ameaças limitam a capacidade do município de assumir sua vocação natural de prestadora de serviços ecossistêmicos, como o fornecimento de água, a regulação do clima e o turismo de natureza. “O ecoturismo, em particular, tem um enorme potencial para alavancar o desenvolvimento socioeconômico desta região e frear o modelo vigente de exploração imobiliária e dos recursos naturais”, explica Rafael Oliveira, coordenador do projeto EcoLab pelo ITL. “É para cultivar esta visão de futuro entre as gerações mais novas que o projeto nasceu. A proteção das florestas depende delas”.

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