Plantar florestas é a solução para grande parte de nossos problemas. O solo vivo é a maior riqueza que podemos deixar para as futuras gerações. Moacir Lacerda
Planejamento e manejo rural integrados, maior eficácia no uso de recursos físicos e energéticos, restauração da biodiversidade e práticas sociais cooperativas. Ao propor a implementação de culturas resilientes e perenes por meio de um melhor entendimento dos ciclos naturais, a Permacultura se apresenta como alternativa regenerativa aos modelos de produção em larga escala que hoje dominam os modos de vida no meio rural.
Foi com este enfoque que o Instituto Terra Luminous – ITL promoveu, na segunda quinzena de janeiro, seu primeiro Curso de Design (Planejamento) em Permacultura, ou PDC – curso de padrão internacional baseado no sistema Syllabus não formal, com 80 horas, para interessados em planejar sistemas produtivos e sustentáveis a partir de recursos locais com baixo consumo de energia, redução de resíduos e restauração da vegetação baseados em seus princípios.
Agentes da regeneração
Coordenado pela engenheira ambiental Adriana Galbiati e pelo físico Moacir Lacerda, ambos permacultores, o curso foi promovido pelo LabPermacult, Laboratório de Estudos e Práticas em Permacultura do ITL. “Tornar-se um agente da regeneração demanda uma mudança do olhar e também preparo para auxiliar no processo de transição dos modos de produção atuais para uma nova forma de considerar as relações entre os sistemas naturais e humanos”, explica Moacir.
Para o ITL, situado na zona de amortecimento da maior área contínua de Mata Atlântica do país, o fomento à permacultura marca a transição para um novo paradigma na relação com a terra e com os seres vivos, onde os processos de regeneração dos sistemas naturais não se separam das necessidades básicas de bem estar e de desenvolvimento humano.
Como resultado prático do curso, foram entregues três projetos de design permacultural para implementação no próprio Instituto. Eles serão base para a criação de um Plano de Design Permacultural (PDP), a partir de uma leitura sistêmica do território que contemple manejo das águas e tratamento de resíduos, plantio em agrofloresta, energias limpas, bioconstrução, relações interpessoais, governança em autogestão, economia circular, entre outros.
Culturas permanentes
A palavra permacultura foi cunhada por Bill Mollison e David Holmgren nos anos 70, para descrever um sistema integrado de espécies animais e vegetais que se perpetuam naturalmente e são úteis aos seres humanos.
Uma definição posterior ampliou esta visão, dando protagonismo às pessoas, às suas edificações e à forma como se organizam. A permacultura passou a compreender então “as paisagens conscientemente desenhadas, que reproduzem padrões e relações encontradas na natureza ao mesmo tempo em que produzem alimentos, fibras e energia em abundância e suficientes para prover as necessidades locais” (Mollison & Holmgren, 1978).
Nos últimos anos, Holmgren passou a associar a permacultura com o uso do pensamento sistêmico e de princípios do design como suporte conceitual para implementar tais paisagens de maneira regenerativa, aplicando princípios éticos e de design aos recursos físicos, aos recursos energéticos e às organizações humanas.